Friday, December 15, 2006
Desprezo
Thursday, December 07, 2006
Escolhas...
Tuesday, November 28, 2006
Maria...
Monday, November 27, 2006
Cara a Cara...
Ando pela rua sozinha.. Sinto-me insegura. Qualquer movimento suspeito. Faço sempre o mesmo percurso. Todos os dias vejo um pormenor novo. Afinal aquela casa tinha barras verdes. e aquele jardim têm umas margaridas tão bonitas, as petálas são diferentes do comum. O semáforo está avariado, é preciso cuidado redobrado. As pessoas seguem na rua metidas consigo. De sorriso fechado. É o tempo de crise. Ultimamente sigo de cabeça em frente, mas o olhar está longe. Faço o percurso de uma forma rotineira, vou guiada pelos sentidos. Seguir para baixo, voltar à direita, e depois à esquerda. É nesse percurso que tudo acontece. Prefiro não olhar para as pessoas. Pressinto que me adivinham os pensamentos. Não quero. Quero ser a menina que todos os dias ás 8,25 atravessa o semáforo do fundo da rua para se dirigir ao trabalho. Ás vezes penso que está evidente. Que o brilho dos olhos claros não engana ninguém. Por enquanto está bem assim, ou menos mal. Daqui a uns tempos, o meu rosto ficará sem expressão. A expriência do teatro, não me faz perder a expressão, mas disfarca-a. Preciso de protecção. De um refúgio e de paz. Os neurónios giram a alta velocidade. O pessimismo realista adivinha tempo de crise. Estou a tremer. Não quero imaginar. Suspiro e estou gelada. Se te olhar nos olhos, não conseguirei. Mas se for dois centimetros para a esquerda ou para a direita estarei salva. Uma figura ao longe assusta-me. Gelo. Baixo a cabeça e continuo a andar. O semáforo já funciona, e não dei por ele. Atravessei no vermelho, o carro buzinou e acordei para a realidade. Foi por pouco.
Sunday, November 26, 2006
Recaida...
Friday, November 24, 2006
Frio do Adeus...
O frio arrepia-me os ossos e o vento solta-me o cabelo. O meu casaco branco, não me proteje do gelo que sinto. Tenho frio,e ele congela-me a alma. Sinto, mas não quero sentir. Vou deixar-te. Devagar, dia após dia, vou destruir este sentimento. Estou a lutar, para já uso um casaco aconchegado, daqui a dias usarei uma casaco mais quente ainda, resistente à chuva, ao vento e ao gelo... Até sabe bem, o frio, sentir aquele arrepio. Mas a ti, vou deixar-te ao frio, deixar que os teus ossos estalem no gelo. Eu ficarei com o meu cachecol, e as luvas, a ver-te desvanecer. Terás o teu fim. E o meu coração ficará cercado de gelo. Adeus!
Friday, November 10, 2006
Cansaço...
Thursday, November 09, 2006
Tarde de Outono...
O vento sopra com alguma intensidade. Da minha janela posso ver os ramos das arvores a balouçar, e as folhas ziguezagueando pelo ar... Castanhas, leves, desgastadas do cansaço da Primavera, cheias de rugas, terminam um ciclo de vida efémero... Algumas seguem desorientadas, oferecem alguma resistência ao seu triste fim, tentam escapar em vão... Outras procuram escolher onde querem acabar. Terra batida, na relva, num jardim... Umas simplestmente se deixam levar, deixam-se conduzir ao sabor do vento. Muitas já cansadas, não oferecem resistência. É preciso dar o lugar a outras. Assim como as folhas... Também andamos por ai, orientados, ou nem por isso. Muitas vezes à espera do vento. Ora escolhendo, ora sendo empurrados. Para quê contrariar, para quê resistir. As folhas tem de ser viçosas, e trabalhar para o ciclo da natureza durante a Primavera, aproveitar o sol, as flores, os perfumes que deambulam no ar, o cantar dos passáros... Porque um dia esse ciclo não será mais delas... E ai o fim é igual. E Hoje é Outono, tarde bonita mas escura...
Sunday, November 05, 2006
Segredo...
Wednesday, November 01, 2006
Lua...
Saturday, October 28, 2006
Sombra
Tuesday, October 24, 2006
O lenço...
Era cor de rosa e branco... o padrão era malhado. Era comprido e bonito. Usas com frequência. Uma marca de personalidade, um estilo, uma época, um recurso. Servia para ajudar a compar os seus cabelos desalinhados ao vento. O seu perfume era suave, roubava o perfume que usava. Marcava a diferença. Conhecida pela menina do lenço, era assim que os outros te conheciam. O lenço não falava mas trazia consigo um conjunto de ensinamentos. Era um marco de momentos importantes, uns mais alegres, outros nem tanto. Uma bela noite, a menina saiu e usou o seu acessório favorito. Puxaram-lhe o lenço, uma vez, e mais uma vez, e outras tantas vezes durante a noite. O lenço era uma meio de aproximar, de gerar situações... de provocar circunstâncias. Mais tarde, derepente, quando o controlo já não estava nas mãos da menina, na escuridão, com uma brisa, e com ajuda de umas mãos que não se movimentaram necessáriamente sobre o lenço, este começou a escorregar. Não se conseguia controlar o lenço, por ele não estava a ser controlado, até que este, deixado ao esquecimento, acabou por cair. Passada a agitação, o lenço apanhado do chão, já não voltou ás mãos da menina mas ás mãos que se movimentaram. Toda a gente estranhou que a menina do lenço cor de rosa, agora tinha os cabelos soltos ao vento, houve quem visse o lenço por outras paragens. Constou-se que o lenço estava agora em repouso, ao pé de acessórios a que não estava habituado. O lenço que outrora andara na cabeça da menina, que marcou um momento, e tantos outros, estava agora fechado em algum cúbiculo onde se guardavam lembranças. Nunca mais se ouviu falar no lenço...
Sunday, October 22, 2006
A Pulseira
É noite... as cervejas sucedem-se e as mentes libertam-se. O corpo acompanha a música. O momento é apenas aquele. A pulseira está apertada. É melhor alarga-la, não consigo.Isso incomoda-me. Insisto, mas em vão. Um aperto. Ajudas-me, pegando no braço, estou calma mas sinto o sangue a circular mais depressa ainda que com maior dificuldade. Tentas rodá-la, aos poucos melhora. Mas olha para a pulseira, não olhes para mim. Com jeito, tiras a pulseira.É uma sensação de alivio. Por segundos, sinto que a situação controlada deu origem a uma situação incontrolada. Os sentidos falam por si. Estás bem perto. Mas não. Ignoro os sentidos, e penso no amanhã, não me consigo abstrair. Os sentidos recalcam-se, quero, mas não quero, porque a magia do agora, é dor de amanhã. Quem sabe um dia, a pulseira não seja apenas só uma pulseira.
Estar ou não estar
É uma corrida contra o tempo.. passam os dias e as horas, não existem pausas.Estou cansada. Mudam-se os papéis, o actor tem de aceitar os papeis e pisar o palco. A peça não parece ter sido ainda encenada, faço o papel, entro em cena. Tem de começar, não houve ensaios, tenho de entrar, sai de improviso... Palavras e mais palavras... No entanto não fazem sentido, não acompanham o pensamento, são de acordo com o cenário, até me saio menos mal, mas não conheço este cenário, ou melhor não estou nele enquadrada. Novos actores, novos tiques, diferentes personagens e estilos. São muitas mudanças, mas lá estou eu, muitas vezes estando, sem estar... A peça repete-se com variantes, até que passarei a estar ou talvez não...
Sufoco
Não sei explicar. É como se o tempo tivesse parado. Tudo continua igual. Um ano, dois anos, três anos. Fico sufocada por estar presa. Não me consigo libertar. Também não o quero. O peso do sentimento, a dor do tempo... As minhas veias estão a ficar obstruídas, no meu sangue circulam as tuas palavras. Cada vez que inspiro ganho mais um bocadinho de ti, cada vez que expiro exteriorizo a minha tristeza. Não consigo guardar-te só para mim. Cada vez estou mais cheia, estás sempre presente, sempre constante. A força da tua ausência é tanta que me inunda o pensamento, que me faz ver-te sem estares. Bloqueias-me o pensamento, inundas-me os sentidos, a dor é tanta. Não aguento mais, a saudade escorre-me pelos olhos...