Monday, April 21, 2008

Silêncio

Silêncio

Ausência de palavras, ausência de ruído. Uma presença, vários pensamentos.Tantos, tantos e nenhuns. Imagens, tantas e nenhumas. Um alma cheia e no entanto vazia. Estar em silêncio é procurar, criar, escrever sem caneta, viajar sem fronteiras. Mas no entanto, estar em silêncio não é mais do que estar em silêncio...

Monday, April 30, 2007

Papel Rasgado...


Às vezes escrevemos tanto, que perdemos o sentido das palavras, quer-se dizer tanto e diz-se tão pouco. Substituo as palavras, apago e torno a escrever, embora o sentido permaneça o mesmo, o papel já não é tão branco, pois já teve outro sentido, acusa o desgaste de ser reutilizado. Por mais que queira, por mais resistente que seja o papel, ou por melhor qualidade que tenha a borracha... ficam as marcas... Sinais... Um conjunto de letras ordenadas formando um sentido ambíguo... Nada como um gesto... para tudo fazer sentido... o sentido que sempre lá esteve... ora torneado de adjectivos de esperança, ora camuflado de desespero... Agora que tudo pode ser colocado no papel, ele rasgou-se... Amarroto-o e coloco-o de parte... À papel que não deve ser reciclado...

Tuesday, February 06, 2007

Trilho de vida...


Espreito. A encosta está livre, sigo pelo trilho assinalado. Não fui a primeira. O caminho já acusa pegadas de diferentes origens. As árvores denunciam a sua solidão e mostram a sua verdadeira essência. A chuva não perdoa, e disfarça as lágrimas do meu rosto. O cabelo funciona como um conta-gotas afinado. Sabe bem, estar perdida no meio do verde. As botas arrastam-se em lama. A beleza define-se no silencio e é recortada pelos diferentes tons de verde, de vez em quando envadido pelo castanho da terra molhada. A água nasce debaixo dos meus pés e tudo é vida. O gelo da água nos ossos adormece-me o cérebro. Sintonizo a frequência da água da cascata e respiro vida. As pernas fraquejam, e ouço o coração a bater como forma de responder ao esforço. O piso da calçada revela proximidade de habitações, fim de trilho. Bem que parecia que ias estar à minha espera...

Thursday, January 18, 2007

Desespero


Atiro com os livros pela secretária fora... não posso mais. O sempre tomou conta do quotidiano. Falta qualquer coisa. O sentido já não faz sentido. Maldita rotina. Até os atacadores dos sapatos se desapertam à mesma hora. Sigo em piloto automático. Não sou capaz de dar mais um nó. Nem o pulso sem relógio e os dedo sem anel me livram dos compromissos. Quando acabar vem o depois. O Incerto. Longe de ser rotina ainda. Um dia certamente o será. Que se desalinhem as sobrancelhas e que cresçam as unhas. Que as raizes do cabelo denunciem a sua verdadeira cor. Óu não. É preciso manter aparências, esconder o eu, e parecer outrém que não existe. A razão é educada pelas palavras, os sentimentos corrigidos pelo recalcamento. Caramba, o têm que ser tem muita força...

Monday, January 08, 2007

Memória...


Muito apagada... os contornos já não são os de outrém, os riscos são menos vincados. Muita coisa se perdeu. O agarrar o presente desfez muito do passado. Tanto que deixou de existir. Aquele passeio à beira- mar, aquela conversa, muitos dias e outars tantas ocasiões. Muitos momentos, sorriso e choro. Há tanto tempo que os malmequeres já não estão no jardim de casa. As pessoas evidenciam na cor do cabelo sinais do tempo. E não me apercebi. Aquela rapariga que andou comigo na escola primária comigo está grávida do segundo filho, penso que era Ana, ou seria Andreia. Só sei que foi ela que me ajudou quando no primeiro dia de aulas, cai e esfolei o joelho todo. A minha vizinha divorciou-se, e agora digo-lhe um olá, não tenho mais nada para acrescentar. A cabeça ocupa-se de novos momentos. O sentidos ganhos disputam lugar com os que se perdem. Ficam marcos, pormenores, vão-se maiúsculas. Vão embora os nomes e ficam os adjectivos. Nomenclaturas torneadas de pouco, descrições mal acabadas carregadas de muito. Arrisco os verbos, recorro aos condicionais.... será que.. Palavras agrupadas que não formam um texto. Lógica, à muito tempo que a perdi. Selecção, escolhas. Pouco espaço para muita informação. Desgaste natural. Não sei. As letras amontoam-se no papel vazio...

Thursday, January 04, 2007

E o passado foi mudado no Futuro...


Assim foram. Anos recolhidos no intimo do eu. Palavras mudas e sentimentos recalcados. O dia-a-dia esmagava-me lentamente. Todos dias estavas presente, mesmo ao pé de mim. E sempre longe. Os meus pensamentos tentavam fantasiar hipoteses, a crueldade da idade deixava cicatrizes. Assim era, sozinha levava o barco. Mas estava sempre à deriva. Aquela ondulação, era puxada por uma corrente forte. As atitudes eram condicionadas por medo, a vergonha de mim mesmo, sentia-me monstruosa. O barco ia-se remendando... água dentro.... água fora...Sempre retraida, sem vontade de remar. Passaram os anos. Sempre aquela mágoa. O tempo foi suavizando. E as vivências foram sendo substituidas. A vida ensinou-me a remar, mais depressa mais devagar. Ao meu ritmo. O meu alterou-se, a vergonha foi substituida por experiencia e o medo por coragem . O barco dirigiu-se ao teu encontro. Hesitei. Lá fui, já era mais que hora... A carga do passado já não fazia sentido. As palavras e sentimentos passados mudaram. Marcaram uma época. Mas o sentido agora é outro. O barquinho ainda por aqui anda. E o passado foi mudado no futuro.

Friday, December 15, 2006

Desprezo


Desprezo. É o que sinto quando penso em ti. O que antes era evidente e incontrolável deixou de fazer sentido. Não te procuro. Estás desfigurado. Não és o que pintava. É-me indeferente estares ou não estares. Quando estás, custa responder-te, não me apetece. O teu egoismo afastou-nos. Eu percebi. Custou, custou muito sim. A indeferença e a ingratidão elevaram-se. Não te detesto, nada disso. Mas vejo-te de maneira diferente. És mais comum, deixaste de merecer estar presente no meu quotidiano. Não te deve fazer diferença. A mim, neste momento também já não faz. Quero lá saber. Um dia de cada vez. Calma e pensamento nobre. Muitos objectivos, é necessário canalizar energias. Foi mau, mas foi bom. Descobri com quem posso contar. O que poderia durar anos, desvaneceu. Perdeu-se no nada, reduziu-se a pó. O futuro está ai. E a razão toma conta de mim.